O presidente da Argentina, Javier Milei, chegou aos 100 dias de governo nesta terça-feira, 19, dividindo a opinião pública quase ao meio. Segundo dados divulgados pela Atlas Intel nesta terça, a rejeição e aprovação de seu mandato é quase a mesma: 47,7% elogiam suas políticas, enquanto 47,6%, apenas um décimo a menos, as rejeitam. A pesquisa também revelou que algumas das principais propostas da administração, como o “decretaço” para desregulamentar a economia ou a dolarização, não têm respaldo da maioria. Ainda assim, o levantamento enfatiza que o chefe de Estado é o líder nacional melhor avaliado em termos de imagem.
O levantamento foi realizado entre os dias 15 e 18 de março, entrevistou 2.238 pessoas por meio de recrutamento digital aleatório e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
Os detalhes
Apesar do empate técnico entre aprovação e rejeição, a pesquisa da Atlas Intel mostra que os setores onde o governo tem melhor desempenho são entre os homens, pessoas sem ensino superior, idosos (maiores de 60 anos), indivíduos com salário superior a 500 mil pesos mensais (cerca de R$ 3 mil) e os moradores do Norte do país.
Do outro lado do ringue, a desaprovação é mais forte entre mulheres, pessoas entre 35 e 44 anos, indivíduos com ensino superior completo, aqueles com salário entre 100 mil e 200 mil pesos (R$ 590 a R$ 1.180) e na população da Patagônia.
Quanto à avaliação da gestão, os resultados são muito semelhantes: 45,1% descreveram o governo como “ruim” ou “muito ruim”; 43,5% consideraram-no “excelente” ou “bom”, enquanto 10,5% o qualificaram de “regular”. Isso apesar do estudo da Atlas Intel concluir que 62,1% dos entrevistados consideraram que os preços “aumentaram incontrolavelmente”.
Imagem
Já a imagem de Milei é a melhor entre os líderes argentinos avaliados pela pesquisa: 47% acham que ele tem imagem positiva e 51%, imagem negativa. O pior no ranking do levantamento é o ex-presidente Alberto Fernández, que tem uma imagem negativa de 84%. Depois dele, vêm Sergio Massa (67%), Cristina Kirchner (61%), Mauricio Macri (60%), Horacio Rodríguez Larreta (59%), Axel Kicillof (57%), Martín Lousteau ( 53%), Jorge Macri (50%) e Juan Schiaretti (40%).
Entre os membros do gabinete, a ministra da Segurança, Patrícia Bullrich, é a única que tem imagem mais positiva (50%) do que negativa (48%). Os três pior posicionados são Nicolás Posse (Chefe de Casa Civil), Mario Russo (Ministro da Saúde) e Mariano Cúneo Libarona (Ministro da Justiça).
Políticas
Sobre as “questões-chave na Argentina”, a Atlas Intel descobriu:
- Dolarização: 52% contra e 46% a favor;
- “Decretaço” para desregulamentar a economia: 49% contra e 46% a favor;
- Flexibilização das leis trabalhistas: 45% contra e 46% a favor;
- Fim das restrições à subida de preços: 49% contra e 45% a favor;
- Privatização de estatais: 47% contra e 45% a favor;
- Flexibilização da compra de terras por estrangeiros: 71% contra e 17% a favor.
A gestão de Milei é bem aceita em termos de transparência, economia e relações exteriores. Nestas três áreas, as menções positivas são maiores que as negativas. O pior desempenho foi observado em áreas como obras públicas, saúde e meio ambiente. A consideração nas áreas da saúde, educação, emprego, turismo e segurança também é negativa.
A pesquisa inclui ainda uma comparação com a gestão anterior. O governo de Milei foi considerado melhor que o de Fernández em transparência, economia, relações exteriores, agricultura e segurança. Mas foi pior na educação, emprego, políticas sociais e redução da pobreza, saúde, obras públicas, meio ambiente e turismo.
Com informações da VEJA