O Jornal Cidade Varginha ouviu o advogado Elves André Rodrigues que é autista e esclareceu nossas dúvidas em uma entrevista para sabermos mais sobre o TEA.
O que é o TEA?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica que impacta a forma como a pessoa interage com o mundo, se comunica e aprende. O “espectro” significa que cada indivíduo apresenta características e desafios distintos, em diferentes níveis.
Como este termo surgiu?
O termo “autismo” foi usado pela primeira vez em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler. Já o “espectro autista” foi definido na década de 1970, reconhecendo a diversidade de sintomas e habilidades entre os indivíduos.
Por que existe classificação N1, N2, N3? Qual a finalidade?
A classificação N1, N2 e N3 refere-se ao Nível de Suporte que a pessoa com TEA precisa em seu dia a dia. Essa categorização visa auxiliar na organização dos serviços de apoio e intervenção, mas é importante ressaltar que não define o potencial ou as capacidades do indivíduo.
Autistas são diferentes de pessoas em geral? Se sim, como?
Sim, autistas podem apresentar diferenças em áreas como:
Comunicação: Dificuldades na linguagem verbal e não verbal, como compreender sarcasmo ou expressar emoções.
Interação social: Preferência por atividades solitárias, dificuldade em iniciar e manter conversas, e interpretação literal de informações.
Comportamento: Rotinas rígidas, interesses específicos e sensibilidade sensorial a sons, luzes ou texturas.
Você está satisfeito com o atendimento dos profissionais especialistas em TEA? Como você se sente diante deles?
A qualidade do atendimento varia. Alguns profissionais demonstram conhecimento e empatia, enquanto outros podem ser menos preparados para lidar com as necessidades específicas do TEA. Em geral, sinto-me mais à vontade com profissionais que me escutam com atenção, respeitam minhas individualidades e me explicam as coisas de maneira clara e direta.
Os profissionais fora da área de saúde estão aptos a lidar com autistas? Como você vê isso?
A maioria dos profissionais fora da área de saúde não possui formação específica sobre o TEA, o que pode levar a mal entendidos e frustrações. É importante que haja maior capacitação e sensibilização sobre o autismo em diferentes áreas da sociedade, como educação, trabalho e lazer.
Como autista, que mudança você gostaria de ver na sociedade?
Gostaria de ver uma sociedade mais inclusiva e compreensiva, onde as pessoas com TEA sejam aceitas e valorizadas por suas diferenças. Isso inclui:
Maior acessibilidade em todos os ambientes;
Combate ao preconceito e à discriminação;
Investimento em educação e formação profissional para pessoas com TEA;
Promoção da inclusão social e laboral.
Acredito que a mudança começa com a educação e a informação. Ao desmistificar o autismo e promover o respeito à diversidade, podemos construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.
Elves André Rodrigues é um advogado especialista em Direito Público, do Consumidor e da Fazenda Pública, dedicado a defender os direitos das pessoas com deficiência, especialmente autistas e PcD.
Servidor Público Federal, ele também é autista e membro da Comissão PcD da OAB Alagoas, onde luta por inclusão e igualdade de oportunidades.
Com paixão pelo Direito e pela justiça, Elves utiliza sua experiência e conhecimento para garantir que pessoas com deficiência tenham acesso a seus direitos e possam viver com dignidade e autonomia.
Foto: Elves André Rodrigues
