O Governo Federal inaugurou, nesta quinta-feira (4), a unidade fabril da Hemobrás, empresa pública de hemoderivados e biotecnologia, no município de Goiana, Pernambuco. É um marco para o início das operações do parque industrial da estatal, que já distribuiu e passará a produzir o Fator VIII Recombinante (Hemo-8r), utilizado no tratamento da Hemofilia A. O evento conta com a presença do presidente do Lula, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, da presidente da Hemobrás, Ana Paula do Rego Menezes, do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha, e de outras autoridades do setor.
A inauguração tem forte impacto na geração de empregos da região, com previsão de 2 mil novos postos de trabalho, sendo 1,4 mil diretos e 600 indiretos. O processo de nacionalização do Hemo-8r ocorreu a partir de uma parceria com a empresa japonesa Takeda para transferência de tecnologia e segue um cronograma de implementação. Ainda neste ano, começa o processamento do produto, rotulagem e embalagem local. O cronograma culmina na produção brasileira dos insumos, chamados de IFA, em dezembro de 2025. Todas as etapas serão submetidas à análise prévia da Anvisa.
Toda a demanda do SUS será atendida pela Hemobrás
A Hemofilia é uma condição genética rara que afeta a coagulação do sangue, resultando na falta de proteínas necessárias para essa função. No caso da Hemofilia A, o fator sanguíneo deficiente é o Fator VIII. Atualmente, o Brasil é o quarto país com mais hemofílicos do mundo, com cerca de 12 mil portadores da doença. O medicamento Hemo-8r, que será produzido pela Hemobrás, é crucial para o tratamento desses pacientes.
A produção ocorre por engenharia genética, utilizando a tecnologia do DNA recombinante a partir de células geneticamente modificadas que contêm o gene humano do Fator VIII de coagulação. A nacionalização da produção do medicamento trará benefícios significativos para os hemofílicos do Brasil, garantindo o acesso a um tratamento essencial para sua saúde e qualidade de vida, além do atendimento de 100% da demanda do SUS pela Hemobrás.
Estratégia do Complexo Econômico-Industrial da Saúde é fortalecer produção nacional
O investimento, que totalizou R$ 1,2 bilhão, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. Essa iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com recursos provenientes do Novo PAC. A maior parte desses recursos já foi executada, consolidando a posição central da Hemobrás nesse contexto.
Além disso, ao nacionalizar a produção de insumos farmacêuticos, o país deve gerar uma economia anual de até USD 200 milhões, contribuindo para a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a redução da dependência externa de produtos médicos. Esse avanço visa reduzir a vulnerabilidade do SUS frente a emergências de saúde pública e fortalecer a cadeia produtiva nacional de alta complexidade.
A inauguração da planta industrial representa não apenas um passo em direção à soberania sanitária e tecnológica do país, mas também a concretização de um compromisso renovado com a industrialização inclusiva e sustentável. Com essa iniciativa, espera-se não só reduzir a dependência externa de produtos de saúde, mas também gerar empregos e promover o abastecimento do SUS.
Eixo da Saúde no Novo PAC foi fundamental para garantir recursos
O Projeto Hemobrás envolve duas plantas em seu parque fabril, com mais R$ 1,2 bilhão de orçamento para produtos derivados do plasma, totalizando R$ 3,2 bilhões. Os projetos, incluídos no eixo Saúde do Novo PAC, visam finalizar a construção da fábrica de hemoderivados, especialmente para a produção de imunoglobulina, medicamento crucial para o SUS.
As fábricas resultarão na geração de empregos durante sua implantação e a partir do início da operação. A previsão é que a obra seja concluída em 2025 e o fornecimento de produtos comece em 2026, com investimentos na qualificação da Hemorrede iniciando ainda neste ano. Serão R$ 100 milhões para hemocentros e núcleos de hemoterapia garantindo que o plasma excedente seja destinado à produção de medicamentos.
A fábrica de hemoderivados em construção será a maior e mais moderna da América Latina, com capacidade para produzir seis medicamentos para o SUS, incluindo imunoglobulina. A Hemobrás projeta atender a uma porcentagem significativa das necessidades do SUS em diversos medicamentos.
Informações: Ministério da Saúde
Foto: Ricardo Stuckert/PR