O tempo seco e as mudanças climáticas estão impulsionando a propagação de incêndios e queimadas em todo o país. Sendo uma das principais empresas que investem em tecnologia no país, a Cemig tem um projeto inovador que pode ajudar a combater o fogo, principalmente em áreas de mata e de preservação, o Apaga o Fogo.
De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até 26 de agosto de 2024, foram registrados 109.943 focos de incêndio, um aumento de 78% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizados 61.720 casos.
O Apaga o Fogo – parceria da Cemig com as Universidades Federais de Minas Gerais e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, além da startup Gaia – é uma plataforma online que disponibiliza imagens de florestas em tempo real para usuários cadastrados. Desta forma, a companhia e qualquer voluntário podem identificar focos de fumaça e fogo em sua fase inicial.
O engenheiro de Transmissão da Cemig, Carlos do Nascimento, explica que o Apaga o Fogo! foi criado no ano de 2013, a partir de um programa de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia. Em um primeiro momento, a iniciativa foi desenvolvida para monitorar, em tempo real e em caráter experimental, a Reserva Biológica da UFMG, por meio de câmeras instaladas no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec). Depois, o projeto foi ampliado para a mata Serra Verde, em Belo Horizonte; a serra Rola Moça, localizada entre a capital e Brumadinho; e a mata da UniverCemig, no município de Sete Lagoas.
“A intenção é expandir esse sistema de monitoramento, para que o uso da câmera possa contribuir para a preservação ambiental por meio da redução das queimadas em Minas Gerais. Além disso, a plataforma também pretende minimizar interrupções de falta de energia provocadas por incêndios florestais”, comenta o engenheiro.
No ano passado, o Apaga o Fogo! ultrapassou as fronteiras nacionais e firmou parceria com um site da Espanha. “Isso demonstra o potencial da plataforma, uma vez que é um sistema na internet e pode contemplar várias regiões do país e do mundo. Recentemente, fizemos uma parceria com um pesquisador espanhol que pode auxiliar no combate às nossas queimadas, de forma voluntária, do outro lado do mundo”, detalha.
Ferramenta colaborativa
As imagens do monitoramento do Apaga o Fogo! são processadas por algoritmos de inteligência artificial que podem monitorar, ainda na fase inicial, focos de fumaça e evolução de incêndios. A plataforma também permite a participação de internautas, que podem se cadastrar e auxiliar na identificação precoce dessas queimadas.
“Desta forma, áreas de preservação ambiental são supervisionadas 24 horas por dia, e ainda podem contar com ampla colaboração dos internautas. O objetivo do projeto é reduzir os registros de incêndio e interrupções de energia por meio do compartilhamento inteligente da infraestrutura das redes da Cemig”, destaca Carlos do Nascimento.
Redução no tempo de resposta
Ronnie Gilson Oliveira, voluntário da Brigada Carcará, que fica no Parque do Rola Moça, destaca os benefícios que o Apaga o Fogo! trouxe e como o monitoramento em tempo real ajuda no combate a princípios de incêndios, evitando que uma grande área seja consumida pelo fogo.
“O Apaga o Fogo! revolucionou o sistema de controle de incêndio no Parque da Serra do Rola Moça. Temos o monitoramento por meio do aplicativo nos celulares e também nos computadores da base. Assim, conseguimos ter alguém monitorando a área 24 horas pelas ferramentas disponíveis, que também conta com satélite e grupo no WhatsApp”, explica.
“Quando saí um alerta, vamos ao ponto indicado pela pessoa e, a partir da nossa experiência, conseguimos identificar se é um incêndio em progressão. Isso diminui bastante o nosso tempo de resposta. Assim, conseguimos chegar em menos de 15 minutos no foco do incêndio para poder combatê-lo”, ressalta Ronnie.
Além de combater queimadas no Parque do Rola Moça, o Apaga o Fogo! possibilita o monitoramento de outras regiões e o acionamento de outros órgãos de combate a incêndios. “Além da minha área, consigo monitorar outros locais e informar o Corpo de Bombeiros ou brigadas de incêndios de outros locais”, completa.