O quarto relatório do Indicador de Dinâmica Produtiva (IdP), produzido pelo Departamento de Pesquisa do Unis e GEESUL, apresentou os dados e análises para Brasil, Minas Gerais e Rio Grande do Sul referentes ao mês de junho de 2024. Os resultados mostraram uma forte expansão geral de produção tanto a nível nacional como também nos estados analisados, principalmente em virtude do crescimento da indústria.
O IdP é um indicador conjuntural que analisa o comportamento dos setores econômicos, utilizando como fonte dos dados o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), a Pesquisa Mensal do Comércio Varejista Ampliado (PMC) e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), sendo todos eles divulgados pelo IBGE e já considerados com o ajuste sazonal.
Em junho, a dinâmica produtiva nacional apresentou forte elevação de 1,74%. Todos os setores analisados tiveram expansão, com destaque para a alta da indústria (4,13%) após dois meses consecutivos de queda. O setor de comércio e serviços cresceu 1,01%; tendo os serviços expandido 1,67% e o comércio varejista ampliado avançou 0,37%. Enquanto isso, o setor agrícola teve elevação de 0,08%. Esse crescimento da dinâmica produtiva nacional em junho mais que compensou os baixos resultados anteriores, sendo o maior nível desde o início da pesquisa em fevereiro deste ano. Este resultado diminui a possibilidade de ter ocorrido um arrefecimento na economia brasileira no segundo trimestre como estávamos prevendo.
No caso de Minas Gerais, a produção voltou a crescer após a queda ocorrida no mês anterior. Em junho a expansão da dinâmica produtiva no estado foi de 1,43%. O principal destaque foi a indústria com crescimento de 3,34%. Comércio e serviços tiveram alta agregada de 0,74% com a ampliação dos serviços em 1,91% e tênue recuo no setor de comércio varejista ampliado em -0,48%. O setor agrícola teve leve baixa de -0,82% após a forte expansão no mês anterior.
Por fim, no Rio Grande do Sul, a dinâmica produtiva teve forte crescimento, atingindo no agregado alta de 7,21%. No entanto, é preciso analisar com calma o resultado devido a duas questões importantes. Primeiramente, a expansão verificada não compensou totalmente a queda ocorrida em maio (quando foi de -7,78%). Em segundo lugar, este resultado positivo foi provocado unicamente pela indústria que avançou 34,94% e praticamente compensou as perdas produtivas do setor ocorridas devido às chuvas e inundações em maio. No entanto, a projeção de produção agrícola teve queda de -6,12% e no caso do comércio e serviços o recuo foi de -0,50%. Ao decompor este último dado, verificam-se resultados muito discrepantes, com o setor de serviços caindo -14,50% e o comércio varejista ampliado crescendo 13,79%.
De acordo com o professor Pedro Portugal coordenador da pesquisa, os resultados apurados em junho trouxeram boas notícias e algumas preocupações. “Pelo lado positivo, tanto Brasil quanto Minas Gerais e Rio Grande do Sul apresentaram forte crescimento da dinâmica produtiva e no caso nacional reforçou a perspectiva de uma expansão considerável no PIB brasileiro no primeiro semestre deste ano. Por outro lado, no que tange as preocupações, essa expansão nacional, juntamente com o baixo nível de desemprego e provável expansão de consumo, podem manter a inflação em patamares mais altos e forçar a manutenção da taxa básica de juros Selic no curto e médio prazo”. Outro fator de preocupação se relaciona com o resultado do Rio Grande do Sul que, apesar da recuperação da indústria, ainda teve queda no setor agrícola e nos serviços, o que reforça a necessidade de um acompanhamento mais profundo da recuperação econômica daquele estado.