Os Saraus foram introduzidos pelos portugueses no Brasil colônia inicialmente no estado do Rio de Janeiro, por volta do ano de 1808, com a chegada de Dom João VI e a corte portuguesa. Nesta época reuniam-se nas grandes salas dos casarões, apenas a classe mais rica da população para se deleitarem assistindo atividades culturais, tais como música e literatura regados a champanhe e bom vinho, nos moldes dos salões franceses. Existem registros que na antiga Grécia os Saraus já existiam em suas Ágoras espaços onde haviam reuniões para divulgação de conhecimento e cultura.
Podemos entender que um Sarau é uma reunião de pessoas que admiram, vivem e fomentam a arte, em suas mais diversas manifestações. Hoje os Saraus espalhados por todo o Brasil se constituem como espaços que preservam a cultura e colaboram para que artistas e amadores possam apresentar a sua arte formando novos públicos.
Desde muito cedo na nossa família, enquanto criança, naquela brincadeira de quintal fazíamos as apresentações de teatro, definíamos a história a ser contata, produzíamos o roteiro da peça, os figurinos e o cenário. Quando estava tudo arrumado, a cortina que era um lençol que a mãe cedia com carinho, algumas latas de tinta, tocos do quintal eram os bancos, se varria e molhava o chão de terra e assim, o portão da casa era aberto para os vizinhos entrarem e ainda, se cobrava umas moedinhas de pagamento do ingresso.
Em uma de minhas reflexões sobre os Saraus e de sua formação histórica, para além da origem colonial portuguesa e na antiga Grécia, destaco a trajetória dos povos originários que se reuniam em torna das fogueiras para contar, cantar, dançar as suas lutas e histórias garantia do conhecimento para as novas gerações. O que é também percebido na cultura africana em torno de seus tambores e danças eram feitos grandes saraus em que a cultura e a arte estavam e permaneceram presentes.
Podemos dizer que os Saraus foram se modernizando, se tornando “Saraus de periferia”, como destaca a publicação da Fundação ABH em texto disponível em: https://www.fundacaoabh.org.br/das-cortes-as-favelas-a-importancia-dos-saraus-na-periferia/. Hoje você pode participar desse movimento, pode fomentar a arte e a cultura pertencendo a sua comunidade, defendendo os seus princípios pois, os Saraus estão presentes aqui na nossa cidade.
No próximo dia 28 de Julho faremos no Espaço Wilma Frade (Rua: Dr. Aloysio Pereira Nogueira, 65 – B. Treviso em Varginha) o 49° Sarau da D. Wilma @ saraudadonawilma (evento gratuito). Sabe aquela mãezinha que emprestava o lençol para ser a cortina do nosso teatro, ela construiu este espaço, para abrigar eventos e atividades culturais.
O Sarau da D. Wilma irá fazer 8 anos de eventos neste ano de 2024, são 49 Saraus, nos quais uma média de 10 atividades culturais são apresentadas, muita literatura (poesia, poemas, rimas); música; dança; teatro; gastronomia; exposições artísticas, enfim muita arte!
Importante lembrar que durante a pandemia, esse assustador momento em que a arte nos ajudou a vencer e, nos ajuda até hoje curando as nossas feridas, realizamos 17 Saraus virtuais que estão registrados por meio das imagens e interlocuções nas nossas redes sociais.
Facebook: https://www.facebook.com/groups/599180446934052
Instagran: https://www.instagram.com/saraudadonawilma/
Para quem ficou com vontade de participar do nosso Sarau, você pode participar de várias maneiras, curtindo e comentando os nossos vídeos na nossas redes sociais, pode estar conosco presencialmente no dia 28.07 à partir das 18h e ainda se você é um artista profissional ou amador, entre em contato para agendar a sua apresentação.
Elaine das Graças Frade é mineira de Belo Horizonte e atualmente mora em Varginha. Doutora em Ciências pela Universidade Federal de Lavras. Professora universitária aposentada, autora de alguns livros, integrante da AMCEP e APESUL, da Brigada Ecológica do Parque Florestal Bom Pastor. Participa do Clube do livro do Espaço Wilma Frade, do Leia Mulheres Varginha e compõe a equipe de organização do Sarau da D. Wilma.
