(Jorge Marçal Jr) – O país hoje já tem mais de 100 municípios que adotaram a tarifa zero no transporte público. A lista vem sendo atualizada pelo pesquisador Daniel Santini, mestre em Planejamento Urbano e Regional na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo (USP). A população nessas cidades soma aproximadamente 4,8 milhões.
Os municípios adotam diferentes modelos – e a pauta, originalmente identificada como dos setores progressistas, foi adotada também por partidos conservadores. “Manter esse modelo atrasado, ineficiente, de remuneração por passageiro transportado é uma bomba-relógio”, afirma Santini. “O sistema baseado na receita da catraca faliu.” A cidade de São Paulo, por exemplo, perdeu 1 bilhão de passageiros em uma década.
O ano passado foi o de maior número de adoções do sistema: 36. Neste início de 2024, a lista incluiu Machado (MG). Os números consolidam uma visão de que a ideia é viável. Anos atrás, lembra o pesquisador, havia uma leitura de que se tratava de uma política “irreal, juvenil até”, mas isso tem mudado. “Tarifa zero é uma decisão política, mais do que técnica.”
Efeitos positivos
Santini não tem dúvida de que este será o grande debate das eleições municipais de outubro. “O que a gente tem visto é que as cidades (que adotam o sistema) não revertem”, afirma o também coordenador da Fundação Rosa Luxemburgo. Segundo ele, a adoção da tarifa zero universal tem trazido resultados positivos sob vários aspectos – econômicos, sociais, ambientais e humanos.
Ele cita alguns exemplos, como Caucaia, no Ceará, a cidade mais populosa da lista, com 356 mil habitantes, que desde 2021, ano da implementação, reduziu consideravelmente o trânsito. Ou Maricá (RJ), que além do incremento no comércio adotou uma rede de bicicletas compartilhadas. Ali, a experiência já vai completar 10 anos. (Com Rede Brasil Atual)
Jorge Marçal Jr, professor, jornalista e escritor. Pesquisador do Programa Tarifa Zero desde 2014.