Sentado em uma mesa de bar
O poeta vislumbra os passantes.
Vê peregrinos sustentarem olhares,
Mas o poeta sabe que por dentro
Nada lhes passa pela cabeça,
Há não ser a preocupação com o calendário
Que extrai vidas em ciclos
E horas que movimentam a máquina imaginária
Que se auto engraxa com sangue de variados frutos
De variadas décadas…
O poeta não bebe álcool.
O poeta não fuma cigarros.
O poeta transcreve sinas de azar em prosa
Quando sabe que o mundo regride.
O poeta molha a boca em beijos.
O poeta aspira perfumes em relações íntimas.
O poeta transcreve desejos e ternuras
Quando sabe que a pomba da Paz
Voa em períodos em que o mundo
Acredita que é para o ódio
E se consome mais flores em floriculturas…
Saem Homens, entram Homens,
O poeta vê carecas de um deserto intelectual,
Vê ponderações dos garçons em conselhos aos bêbados,
Vê bocas secas de uma água que nunca chora,
Escuta instruções de como sair mal na vida
Como versos cantados pelos poetas antológicos,
Escuta o sibilar suicida ser cantado em marchinhas machistas,
Escuta o coração bater e ser posto de molho
Pela bebida e posto em jaula
Pelo consumo desenfreado da pornografia…
O poeta sai do bar.
Entra em casa.
Escreve em seu caderno:
Amor entre os Homens?
Poesia de equilibrista cego.
Gustavo Marangão é dono e jornalista do Cidade Varginha. Além de jornalista é poeta e escritor com quatro livros publicados; sendo eles: Folhas secas de minha quarentena. Liturgia Mímica. Homem, ser anormal. Cartas de Ninguém.
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