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A Presença e Resistência da Cultura Afrodescendente em Varginha e no Sul de Minas

A chamada “brasilidade”
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Hoje, quero abordar a herança da cultura negra em nossa cidade. Muitas vezes, a expressão cultural dos povos afrodescendentes é utilizada apenas para atender a exigências legais, sem proporcionar um verdadeiro letramento cultural para a população, servindo apenas para cumprir uma obrigação burocrática. Nesta coluna, proponho trazer à tona uma reflexão mais profunda sobre essa realidade, destacando a importância de reconhecer e valorizar genuinamente a rica tradição afrodescendente que enriquece Varginha e o Sul de Minas.

O Brasil é, indiscutivelmente, um país de vasta riqueza cultural, onde cada região contribui com suas singularidades para a formação de um mosaico cultural único. A diversidade de povos que compõem o tecido social brasileiro trouxe consigo tradições, valores e práticas que, ao longo dos séculos, se mesclaram e deram origem a uma cultura tipicamente brasileira. No entanto, há uma herança cultural que, apesar de sua abrangência e importância, ainda carece de reconhecimento e valorização adequados: a cultura afro-brasileira.

A influência africana na cultura brasileira é profunda e multifacetada, permeando áreas como a religião, a música, a culinária e as artes. Em Varginha, no Sul de Minas Gerais, essa herança se manifesta de maneira expressiva, ainda que muitas vezes invisibilizada. A região abriga diversas expressões culturais afro-brasileiras que são fundamentais para a identidade local.

No que tange às manifestações religiosas, é possível encontrar em Varginha terreiros de Umbanda e Candomblé que, apesar de enfrentarem preconceitos e desafios, continuam a preservar e difundir as tradições de seus antepassados. Essas religiões são espaços de resistência, onde a espiritualidade e os valores comunitários se entrelaçam, proporcionando um senso de pertencimento e identidade aos seus praticantes. A luta pela preservação dessas práticas, como destaca João Reis, historiador especializado em cultura afro-brasileira, é essencial para garantir a continuidade de uma tradição que tem sido alvo de perseguições e discriminações ao longo da história (REIS, 1996).

Além das manifestações religiosas, a cultura afrodescendente em Varginha também se expressa através da música e da dança. Grupos de capoeira, realizam apresentações regulares na cidade, não apenas como forma de entretenimento, mas também como um meio de educar e conscientizar a população sobre a importância da cultura afro-brasileira. A capoeira, considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela UNESCO, é um exemplo vivo da resistência e adaptação cultural dos negros no Brasil (UNESCO, 2008).

Na culinária, a influência africana se faz presente em pratos como o feijão tropeiro e o angu, comuns nas mesas dos mineiros. Essas receitas, originalmente criadas pelos escravizados, foram adaptadas e incorporadas ao cardápio regional, tornando-se símbolos da gastronomia local.

Entretanto, apesar da riqueza e diversidade dessas manifestações, ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de reconhecimento e respeito. A cultura afro-brasileira em Varginha e no Sul de Minas ainda enfrenta desafios, como o preconceito e a falta de políticas públicas eficazes que promovam a igualdade e a valorização dessas tradições.

É imperativo que a cultura afrodescendente em Varginha e no Sul de Minas seja não apenas preservada, mas também celebrada e promovida como parte integrante da identidade regional. A visibilidade dessas manifestações culturais é crucial para combater o preconceito e promover a igualdade. Para isso, é necessário um esforço conjunto entre a sociedade civil, o poder público e as instituições culturais, a fim de garantir que a rica herança afro-brasileira receba o reconhecimento e o respeito que merece. Afinal, como nos ensina Gilberto Freyre, “a cultura brasileira é, em grande parte, uma cultura mestiça, formada pela contribuição de diversas etnias, entre as quais a africana desempenhou um papel fundamental” (FREYRE, 1933).

Everton é o atual Diretor do Conservatório Estadual de Música de Varginha.

É Graduado em Música, com Licenciatura e Curso Técnico em Guitarra, também possui graduação em Ciências Sociais com foco na cultura. Escritor, é o autor do livro “Desafinando Paradigmas – Porque a Música Deve Ser Parte Essencial na Sua Escola”, uma obra que inspira educadores e gestores a integrar a música na educação de forma significativa.

Além de suas funções acadêmicas, Everton é o fundador da escola de música e dança Maktub, uma das mais antigas instituições de ensino de música e dança em Varginha.

Como professor, pesquisador, músico e produtor cultural, Everton LLemes tem uma trajetória marcada pela inovação e dedicação. Ele já gravou CDs com canções autorais, sendo matéria nacional na renomada revista de rock “Roadie Crew”. Sua produção cultural é vasta e diversa, abrangendo espetáculos de música clássica e popular, teatro, dança e performances músico-teatrais em praças públicas, teatros e escolas.

Everton é também palestrante e consultor cultural. Foi jurado no concurso “É Pra Cantar”, ao lado de nomes como Kiko Zambianchi, Pedro Leonardo, Bruna Volpi e outros, concurso este que premiou uma banda com a chance de se apresentar no Festival João Rock, Everton é jurado no FENAC, o maior festival de música do Brasil. Além disso, suas palestras sobre empreendedorismo cultural têm sido fonte de inspiração e orientação para muitos.

Com uma formação robusta que inclui especializações em Marketing, Eventos e Turismo, Neuroaprendizagem, e Gestão de Projetos e Processos, Everton LLemes traz uma visão ampla e estratégica para todos os seus empreendimentos.

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