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Trabalhadores, futuro do pretérito!

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1⁰ de maio, 2024, hoje, Brasil, dia do trabalhador, feriado. Ontem: 1⁰ de maio, 1886, Chicago (EUA), uma das mais importantes greves da história dos trabalhadores/as de então.

Manifestação. Uma bomba explode: policiais e manifestantes atingidos. Muitos mortos. Outros policiais revidam e alvejam manifestantes. Gritariam: anarquistas, graças a Deus? Mais de uma centena de trabalhadores, homens, mulheres e crianças mortos! Lideranças presas, cinco enforcadas, dois com prisão perpétua e um condenado a 15 anos.

Era uma grave greve geral em que lutavam pela redução de até 16 (ou mais!) horas de trabalho pra oito. Oito condenados: vidas ceifadas ou severamente punidas por lutar para se reduzir algumas horas de trabalho! Quanto vale a vida dos trabalhadores? Somos apenas peças descartáveis dos tempos modernos de uma engrenagem de moer seres humanos em moto-contínuo? No monumento erguido aos Mártires de Chicago lê-se: “um dia nosso silêncio será mais forte que as vozes que hoje vocês estrangulam”. E a gente ainda ouve ecoar: “pai, afasta de mim este cale-se!”

O 1⁰ de maio, Dia Internacional do Trabalhador, não é apenas um dia de folga, somente um feriado em várias nações (ironicamente o 1⁰ de maio dos EUA não é feriado! Comemoram em setembro). E o rock não erra: “homem primata, capitalismo selvagem”!

Do passado para o futuro: taylorismo, fordismo, toyotismo, 5 S e outras letras mais, quais outros ismos surgirão para a nossa exploração? Haverá um teslaismo, um b.y.d.ismo? Que mais surgirá para que o trabalhador produza cada vez mais em menos tempo e sem direito a reclamar? Preferencialmente, aliás, sem direito algum! E a Inteligência Artificial, nem tão inteligente assim e nem tão artificial, a nos substituir futuramente hoje? Não há carros voadores dos Jetsons, mas os direitos e a democracia podem voar para longe!

O 1⁰ de maio é dia de todos nós, trabalhadores/as, nos conscientizarmos que nossos direitos sempre foram (e são!) conquistados com vidas ceifadas, com muito sangue, suor, lágrimas e muita batalha! E, infelizmente, continua sendo assim! Enfim, “por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague” (!?). Que nada! O futuro do trabalho mergulhado no pretérito! A luta continua, camaradas! Sempre! No Sempre a se fazer Presente! Nada nos é dado! Nem os dados que são jogados!

Se hoje temos direitos, ainda há muito o que se conquistar, tanto para os trabalhadores quanto mais para as trabalhadoras. E que não percamos os direitos que lutamos pra manter! Ainda milhares de trabalhadores/as continuam em situação precária: mais de 60 mil (entre 1995 e 2022) foram resgatados de situação análoga à escravidão!

A uberização, a terceirização, a pejotização, invadem inúmeras profissões! Tudo precarização! Somos todos “empreendedores”!? Não somos mais trabalhadores, mas “colaboradores”!? Balelas das novas eras hoje!

Trabalha-se mais e mais e precariamente, recebe-se menos e, para muitos, pouco se cogita ter ou continuar com alguns direitos básicos. Fala-se muito em flexibilização dos direitos, mas temos que entender que flexibilizar direitos é abrir mão deles, é perdê-los.

O futuro hoje é o que imanginávamos ontem? O Brasil continua sendo o país do futuro? O Admirável Mundo Novo, já era muito antigo, antes mesmo da década perdida do Big Brother de 1984! Nunca poderíamos imaginar que em pleno séc. XXI estivéssemos tão próximos daquele 1⁰ de maio de 1886!

Sindicalismo, pra que te quero? Qual a consciência, hoje, de boa parte dos trabalhadores quanto a quem os ajuda na defesa dos seus direitos? Quantos sindicatos fecharam as portas nos últimos anos? Quantos direitos perdidos? Quanta precarização da Justiça do Trabalho? Quantos trabalhadores/as em prejuízo?

Ainda continua atualíssima a máxima de séculos passados que afirma que os trabalhadores de todo o mundo devem se unir, pois não têm nada a perder a não ser os seus grilhões! E ainda precisamos muito da canção que ecoa em nossos corações e mentes: “se muito vale o já feito, mais vale o que será”! Que assim seja! À luta, trabalhadores!

Aerton Sina é professor de Literatura, poeta de gaveta, eterno amante de vários idiomas e vive divagando, no mundo da lua (talvez seja um astronauta e nem saiba disso).

O texto não reflete precisamente a opinião do blog.

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