Na quarta-feira, 10 de julho, em uma renomada escola privada de Varginha, fizemos uma apresentação de skate. Éramos representantes de várias gerações: duas crianças na faixa de 7 anos (Pedrinho e Miguel), alguns jovens skatistas na faixa dos vinte anos (Neto, criador da marca Persistência, Vitor de Extrema e Bob no patins), uma jovem skatista na mesma faixa etária (Marina), um adulto (William Vai que Vai) e um “jovem a mais tempo que todos”, skatista sexagenário, o cronista que vos fala.
Os olhos dos estudantes nas arquibancadas brilhavam e eles vibravam, aplaudiam a cada manobra executada pela nossa turma. Foi um evento marcante, que nos deixou a todos, público e atletas muito felizes! E assim vamos contribuindo pra divulgar e expandir este esporte aqui em Varginha.
Em duas semanas as Olimpíadas de Paris terão início e traremos, certamente e novamente, medalhas conquistadas pelos nossos e nossas skatistas. Nem todos sabem, mas o Brasil e os EUA são os dois países com maior número de skatistas no planeta. E hoje, nos centros urbanos, o skate só perde para o futebol no número de praticantes no país.
Tudo isso me dá um orgulho muito grande, haja vista ser eu um dos poucos skatistas sexagenários ainda em ativa e que vi e vivi o crescimento deste esporte desde meados dos anos 70. Naquela época o skate era um esporte marginal, éramos considerados não atletas, mas delinquentes, maconheiros, arruaceiros, só por gostarmos de um esporte diferente.
A entrada do skate nas Olimpíadas mudou a percepção que a sociedade tem deste esporte e o fenômeno Rayssa Leal mostra a todos que o skate é um esporte de jovens, de crianças, de família, ainda que radical! E isso é muito bom pra diminuir o preconceito ainda vigente por parte da sociedade.
Apesar de toda alegria, satisfação que este esporte nos trás, muitos skatistas “old-school”, antigos como eu, estamos bastante entristecidos com o recente falecimento de dois grandes skatistas, um mineiro, amigo e colega de pistas de longa data, desde o final dos anos 70, Marco Túlio Morais, que enfrentou seu último obstáculo, a leucemia, que parecia inofensiva, mas te derrubou, meu amigo Túlio! E César Chaves, carioca e um dos mais importantes skatistas dos anos 70, dono da histórica marca Surf Craft, o meu primeiro skate. Primeiro apresentador de um programa sobre skate na TV brasileira, Cesinha não resistiu por muito tempo a um transplante de fígado. Mas, tenho toda a certeza que, se houver um Paraíso, lá deve ter excelentes pistas de skate onde estes dois estão se divertindo e torcendo pelas medalhas que a nossa juventude skatista vai trazer de Paris. Viva vocês, Túlio e Cesinha! O skate mineiro e brasileiro não seria o mesmo sem vocês!
Aerton Sina é professor de Literatura, poeta de gaveta, eterno amante de vários idiomas e vive divagando, no mundo da lua (talvez seja um astronauta e nem saiba disso).
O texto não reflete precisamente a opinião do blog.