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O Cidade Varginha entrevista Leo Damásio, um dos grandes da música varginhense

A terra do ET tem sorte de ter músicos como o Leo
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O Cidade Varginha tem a honra de entrevistar um dos grandes da música da cidade, Leo Damásio, músico que esteve em muitos projetos bacanas e que recende musicalidade para todos que é próximo.

Leo, tem um currículo lindo na música que o jornal gostaria de mostrar antes da entrevista:

Formado em canto popular pela Bituca Universidade da Música em 2006. Em 2022, interpreta a faixa “Revirado” no álbum “O Todo ao Redor do Meu Vazio” de Leandro Matioli e Nelton Matioli. Em 2018 realiza a direção vocal do “Empuxo Torto” de Leandro Matioli, onde também participa como letrista e intérprete da faixa “Arapuca”.

O trabalho autoral de Leo Damásio está disponível nas principais plataformas de streaming, tendo lançado em 2019 o single “Descalço” e em 2013 o EP “Leo Damásio”.

Atualmente é percussionista e cantor dos grupos “Borná de Xepa” de Cultura Popular, do grupo “Quintal da Jurema” de Côco e Samba de Roda e o do grupo “Maraquetê” de Maracatu de Baque Virado onde oferece oficinas de percussão para iniciantes.

Vamos a entrevista.

Como foi sua experiência de formação em Canto Popular na Bituca Universidade da Música?

Na Bituca a gente estuda fazendo música junto com os mestres. No meu caso, tive o privilégio de estudar com Babaya, Ian Guest, Gilvan de Oliveira, entre outros grandes músicos e os atores do grupo Ponto de Partida que também são músicos espetaculares. O ambiente todo era muito criativo e profissional e me transformou profundamente.

Quais foram suas principais influências musicais durante sua formação e como elas se refletem em sua música hoje?

Recentemente, minha música é muito influenciada pelo estudo de ritmos tradicionais da Cultura Popular e também por Milton Nascimento, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Lenine e tantos outros compositores que a gente aprende a gostar nessa nossa MPB, mas a formação na Bituca também influenciou a minha forma de fazer música, sem dúvida. São muitas coisas. A primeira banda que participei aqui em Varginha era uma banda de Heavy Metal, por exemplo… Ouço de tudo e já toquei um pouco de muitas coisas e tudo faz parte da minha formação e se reflete na minha música.

Qual é o processo criativo por trás de suas composições originais?

Sou um compositor nada disciplinado. Não tenho uma rotina de composição ou um processo muito definido. Componho à medida que alguma coisa me toca e muitas coisas me inspiram. Às vezes a ideia inicial vem de admirar uma obra de arte, outras de uma situação que vejo na rua, uma conversa com amigos, uma experiência na vida, um sentimento…  Às vezes o que me vem primeiro é o mote da letra e outras vezes é uma melodia ou um pedaço de arranjo. Quando dá essa fagulha fico “grávido” de uma ideia musical e bato em cima de desenvolver e vou ajustando até assumir uma forma mais estável. Tem canções com que me contento rápido e já teve casos em que levei dez anos para sentir que estava pronta. Enquanto não gravo a obra está em aberto e eu vou polindo as arestas.

Como foi sua participação no álbum “O Todo ao Redor do Meu Vazio” de Leandro Matioli e Nelton Matioli?

Foi ótimo, como sempre é com o Nelton e o Leandro. Participei cantando com eles e tocando percussão na faixa “Revirado”, que tinha muitos elementos de Maracatu no arranjo. A cada produção do Estúdio Salamandratra os manos se apropriam mais da técnica e da estética deles e é fantástico acompanhar o refinamento dessa linguagem em cada detalhe da produção. “O Todo ao Redor do Meu Vazio” ficou um resultado fortíssimo! E tem inclusive a participação da Ná Ozétti, essa divindade, o que também indica o quanto a música do Leandro e do Neltinho é especial.

Podemos falar sobre sua contribuição como diretor vocal no álbum “Empuxo Torto” de Leandro Matioli?

Empuxo Torto é o primeiro álbum do Leandro Matioli em que ele cantou as próprias canções. Tem também nesse álbum uma parceria muito especial nossa, que é a faixa “Arapuca”. Antes de conhecer o Leandro, eu já sabia da fama de superinstrumentista dele e quando eu conheci pessoalmente e ouvi as canções que ele e o Neltinho vinham preparando – isso foi uns cinco anos antes da gravação do álbum – eu disse que queria participar daquelas músicas lindas de qualquer jeito. Quando eles me convidaram pra participar da produção fiquei feliz demais! Foi muito massa estar lá pra dar um empurrãozinho na autoestima de cantautor do Leandro e ver ele conquistar essa liberdade que está usando cada vez melhor, de colocar na música o jeito que só ele tem de expressar cada palavra, com a autenticidade dele e sem compromisso com um ideal estereotipado de cantor, vocalista, etc que geralmente nos trava até a gente encontrar a própria voz. Mas o Leandro é muito sacado, estava pronto e pegou o jeito de primeira e eu pude assistir de camarote a esse voo bonito dele.

Como é sua abordagem para combinar elementos de diferentes estilos musicais em sua obra?

Minhas canções saem bem diferentes umas das outras, mas eu não combino muita variedade de elementos em cada canção. Minha parte na composição é mais estrutural mesmo: escrevo a letra, defino a melodia da voz e elaboro um arranjo básico no violão para trabalhar a interpretação. Dessa base resulta uma forma para colorir depois no estúdio e daí pra frente minha alegria é juntar uma turma boa e ver as leituras e escolhas estéticas de cada artista e ajudar a acomodar as soluções no produto final. O resultado desse processo criativo coletivo sempre me surpreende e revela uma canção que eu não poderia imaginar quando comecei e que certamente não poderia conceber sozinho.

O que você contribuiu para lançar o single “Descalço” em 2019?

Descalço é uma canção que fala sobre pertencimento cultural e que eu escrevi na mesma época em que o Nelton Matioli foi guitarrista e arranjador do nosso grupo “Leo Damásio e a Banda do Interior” que a gente formou para apresentar ao vivo as músicas do meu primeiro EP e mais algumas que não estavam gravadas. Depois da produção do Empuxo Torto, os irmãos Matioli me convidaram pra gente produzir a “Descalço” juntos e eu fiquei muito feliz porque sabia que ia dar certo. Nesse single eu cantei e também toquei o violão e parte da percussão. Além de arranjar e produzir o single, o Leandro e o Neltinho também fizeram o baixo e as guitarras. A Rachel Mitidiere participou do coro vocal. O Leandro Silva tocou a batera (fomos 3 Leandros nesse único single!) e o Vinícius Pinto do Maraquetê tocou atabaques, alfaias e agogô, a Rafaela Teixeira fez a concepção visual e o processo todo foi lindo. No fim das contas minha maior contribuição foi inspirar esse pessoal a fazer tudo de bonito que eles fizeram.

Pode compartilhar conosco um pouco sobre o processo de criação de seu EP “Leo Damásio” lançado em 2013?

Este EP foi fundamental para eu me reconhecer como autor. Fizemos a produção desse álbum de forma independente e doméstica em Lavras. O Adriano Nepomuceno foi o “padrinho” fundamental da coisa, porque foi o primeiro que acreditou nas músicas e me motivou. Sem a energia e o apoio dele eu não teria nem começado. O George Harrisson e o Weber Kureba fizeram a produção técnica com um carinho e dedicação que nunca vou esquecer. O Pedrão Bastos da All Stars Samba também foi um apoiador fundamental (foi ele quem me fez firmar o peito e encarar o papel de autor com um álbum no meu nome) e também fez a concepção visual do álbum e produziu o lançamento virtual. Cristiano Magrão (guittarra), George B2 (bateria) e André Índio (percussão) entregaram tudo na gravação e enriqueceram as músicas demais da conta. Foi a partir desse primeiro EP que eu encarei que sou compositor de Música Popular Brasileira e por isso ele é muito importante para mim.

Qual é a importância da percussão em sua música e em seus projetos atuais?

A percussão, e as manifestações de Cultura Popular a partir das quais eu estudo percussão, me inspiram a fazer uma música que seja fácil de entender e de cantar. O corpo é o lugar onde as nossas almas se encontrarem com a música e a percussão tem esse poder, de sincronizar os nossos corações e nos fazer vibrar juntos quando a música toca. Eu entendo a MPB como uma mutação da Cultura Popular, que tem nela a sua base e o seu fundamento, assim como a percussão está na base e no fundamento da nossa Cultura Popular. Passa por aí a importância da percussão na minha música e na minha vida.

Como surgiu a oportunidade de se envolver com grupos como “Borná de Xepa”, “Quintal da Jurema” e “Maraquetê” e o que esses projetos representam para você?

O Maraquetê é um coletivo onde eu aprendi a amar o Maracatu de Baque Virado e a perceber a importância da música para unir as pessoas, sobretudo as expressões mais simples e inclusivas de musicalidade, porque a música é um grande pretexto pra gente se encontrar e aprimorar a nossa escuta, nossa a expressão e daí construir uma coletividade. A partir do Maraquetê fundamos o grupo Quintal da Jurema para brincar e estudar o Côco de Roda que, assim como o Maracatu, é um tipo de samba mais difundido nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A participação nesses dois grupos estreitou minha amizade com o Ronildo Prudente que também participa e ele me convidou para participar do Grupo Borná de Xêpa, onde a gente espalha alegria com os nossos espetáculos adultos e infantis, ambos inspirados nos ritmos tradicionais e na Cultura Popular de Minas Gerais.

Quais são os principais desafios e recompensas de oferecer oficinas de percussão para iniciantes?

Acho que a maior recompensa é quando a gente sente que conseguiu ajudar uma pessoa a descobrir em si uma musicalidade que não conhecia, e o maior desafio talvez seja o de identificar os obstáculos que cada pessoa enfrenta para fazer essa descoberta e encontrar maneiras de driblar esses obstáculos. Mas em geral o aprendizado de música responde muito à dedicação de cada pessoa, e o tempo ensina no seu próprio ritmo o que a gente não consegue transmitir intencionalmente, então acaba que ajudar nas oficinas de percussão é sempre uma experiência muito satisfatória e educativa para mim.

Como você descreveu a cena musical em Varginha e como ela influenciou sua carreira?

A cena musical em Varginha é riquíssima. Desde os meus primeiros movimentos na música eu sempre tive quem admirar aqui e me espelhar e trocar conhecimento. Essa descoberta de artistas admiráveis para colaborar em Varginha tem se renovado sempre, então sou muito grato por estar neste ambiente e fazer parte dele.

Qual é a mensagem ou o tema central que você deseja transmitir por meio de sua música?

Eu não me comprometo propositalmente com nenhuma ideia central ou fixa na minha música. Se algum tema ou ideia se repetir aqui e ali de alguma forma é mais obra do acaso do que uma intenção minha.

Como é seu processo de seleção e colaboração com outros artistas em seus projetos musicais?

É bastante natural. Gosto de criar junto, sou privilegiado de conhecer gente muito boa de trabalhar e tem muitos amigos com quem quero fazer música junto e ainda não tive oportunidade. A música sempre me presenteia com as melhores amizades e a partir da amizade a gente intui quais parceiros têm mais a ver com cada proposta e projeto. Não é exatamente uma ciência, mas tem funcionado bem para mim.

O que os ouvintes podem esperar por seus próximos lançamentos ou projetos musicais?

Quero produzir um álbum com as canções que venho elaborando desde a produção do meu primeiro EP. Não são muitas, mas eu gosto muito de cada uma delas e tem uma quantidade suficiente para elaborar um álbum interessante. Imagino uma lista de artistas que quero convidar para realizar esse álbum junto comigo e sinto que o momento de tirar o projeto do plano das ideias para o mundo real está chegando. Acho que quem gosta dos meus trabalhos anteriores também vai curtir o que tenho por lançar e que a gente vai se conectar a partir dessas canções. Torçam por nós, que vai ser lindo!

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