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Extra grande

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Assistindo, nas mídias, a cobertura da tragédia no sul do nosso país, acompanhamos a chegada das doações e fomos informados do que tem sido mais necessário neste momento.  Entre outras coisas, roupas de tamanho grande e extra grande. Alguém, ouvindo isso, pode dizer que a população do sul, por ter uma descendência predominante europeias, tenha um tipo físico de maiores proporções do que o resto do país. Pode ser. Mas acho que é, também, porque quem usa esses tamanhos tem, naturalmente, menos roupas, já que são mais caras. E se desfaz delas com menos frequência, considerando que para comprar outra que lhe fique bem, dá trabalho. Assim, há menos doações nestes tamanhos

Certa vez, visitando um brechó à procura de calça jeans tamanho 46, ouvi da pessoa que me atendeu, com uma sinceridade pouco recomendada a trabalhadores do comércio, que não costumava aceitar calças tamanho grande porque vinham puída na parte interna das coxas, sendo inviável para revenda. Pensando em minhas próprias calças, reconheci que tinha razão.

São essas as agruras das pessoas gordas num mundo de padrão magro. Hipocrisias de um mundo que tem facilitado a obesidade, fomentando a má alimentação e o sedentarismo, com suas comidas prontas cheias de açúcares e gorduras e as inúmeras telas disponíveis no mercado, que nos divertem e trabalham por nós, sem que saiamos do sofá.

É certo que surgiram, nos últimos tempos, boas iniciativas de inclusão em muitos setores, como as cadeiras especiais em salas de espetáculos ou as lojas especializadas em plus size. Tenho visto até manequins de lojas com aparência menos anoréxica, embora ainda sejam poucos.

Porém, pessoas que estão um pouco acima do peso, mas ainda não são consideradas propriamente obesas, ainda passam por constrangimentos ao transpor a catraca do ônibus. Ou tentar comprar uma roupa barata em lojas populares, que raramente tem roupas GG e onde o G é quase um M, talvez porque venham de países asiáticos, onde o padrão genético tem proporções bem menores que as nossas.

O problema com vestuário não atinge só quem está acima do peso. Pessoas muito baixas, muito altas ou muito magras também sofrem com as compras de roupas. Tenho uma amiga alta e bem magra que sempre teve dificuldades para comprar calças: ou ficavam curtas (pega-frango, como se diz aqui em Minas), ou precisavam de grandes ajustes na cintura. Acredito que os homens também tenham problemas com camisetas muito curtas ou muito apertadas. Ou com o colarinho das camisas.

Acho que já passou da hora de se ajustar as roupas vendidas no Brasil a nossa população tão miscigenada, com tipos físicos tão variados, criando peças de tamanhos que não se restrinjam ao PMG.

Ah! E colocando um reforço de pano na parte interna das pernas nas calças grandes!

Luciane Madrid Cesar é uma paulistana de coração mineiro. Cronista, contista, poetisa e escritora de livros Infantis, vê desenho nas nuvens e alegrias no cotidiano. Estuda Cultura da Paz, é mediadora do clube de leitura Leia Mulheres e embaixadora Lixo Zero, na busca por cocriar um mundo melhor.

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Um comentário

  1. Muito bem colocado. E agora, pior ainda, com a padronização chinesa com seus exíguos manequins. Ainda bem que eles são espertos e não perdem oportunidade e trabalho segundo a demanda. A entrada deles no mercado de roupa vai forçar os brasileiros a fazer os extrasgês e além!

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