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Estudar no Paraguai: Uma interessante experiência

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Texto: Gustavo Uchôas Guimarães

Faz duas semanas que voltei de uma viagem a Ciudad Del Este, onde prossegui estudos de doutorado em Ciências da Educação e defendi a dissertação de mestrado, também em Ciências da Educação, com a esperada aprovação e, oficialmente, a aquisição do título de Mestre. Foi uma experiência de muita luta, apertos financeiros e um grande desejo de aprimoramento profissional, acadêmico e cultural, que valem a pena o esforço.

Minha experiência inicial foi com aulas em Assunção, capital paraguaia, na Universidad Del Sol (UNADES), em um programa voltado para brasileiros. Funciona assim: o intercâmbio ocorre a cada 6 meses, em janeiro e em julho (períodos de férias e recesso para professores brasileiros). Os que desejam estudar o mestrado ou o doutorado vão ao Paraguai nestes períodos e ali são programadas aulas ao longo de duas semanas ou mais, com a intermediação de parceiros brasileiros que captam alunos para as universidades paraguaias. As despesas de viagem, hospedagem e alimentação ficam por conta de cada estudante, mas é possível gastar menos através do contato com outros estudantes para dividir quartos de hotel ou alugar casas, dividir gastos com transporte e alimentação, entre outras iniciativas.

Com três idas ao Paraguai, o estudante consegue cumprir as disciplinas do mestrado ou do doutorado e, depois, tem a tarefa de escrever seu trabalho final (dissertação ou tese), que será defendido diante de uma banca com três doutores, tal como se faz nas universidades brasileiras. A aprovação na defesa e oficialização do título conquistado dá ao estudante a possibilidade, no Brasil, de trabalhar com salários melhores e mais opções de colocação (concursos e contratações em universidades, institutos, faculdades, etc). Acordos realizados entre os países do Mercosul e resoluções do Ministério da Educação no Brasil garantem que o reconhecimento do diploma em nosso país não seja um processo longo e doloroso. O estudante, com seu título de Mestre ou Doutor, pode entrar com processo de reconhecimento do diploma em universidades públicas ou privadas e o reconhecimento sai em menos de um ano, sem realização de prova e com o atendimento de algumas demandas burocráticas.

Fiz o mestrado na UNADES de Assunção, em três módulos de disciplinas (janeiro e julho de 2022 e janeiro de 2023). Depois, pedi transferência para a UNADES de Ciudad Del Este, onde defendi a dissertação de mestrado e já fiz dois módulos de disciplinas do doutorado (janeiro e julho deste ano). Para realizar tudo isto, fui um estudante muito criativo (e com muita ajuda divina) no levantamento de recursos: juntei dinheiro com o salário de professor, lancei e vendi livros (formato físico e e-books), fiz vaquinhas, vendi doces, fiz pizza solidária, peguei dinheiro emprestado, entre outras iniciativas. Tudo isto vale a pena diante da satisfação em fazer um curso fora do Brasil, ainda mais no Paraguai, um bonito país de gente amistosa, com uma cultura rica (de base europeia e indígena) e com a possibilidade de manter contatos e intercâmbios com ideias e práticas pedagógicas de diversos professores brasileiros que se deslocam para fazer os módulos de estudos no Paraguai. Nos módulos em que estudei em Assunção e em Ciudad Del Este, mantive contato e troquei experiências com professores de Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Roraima, Amazonas, Rondônia e Distrito Federal.

Finalizado o mestrado, poderei oferecer uma contribuição a minha região. Fiz a dissertação voltada para o ensino de História Indígena regional, com o levantamento das contribuições históricas, sociais, culturais e econômicas dos grupos indígenas que fizeram parte da formação da bacia do rio Verde e proposta de utilização destas contribuições para a formação de professores, lembrando que a lei 11645/2008 versa sobre o ensino de História Indígena nas escolas e o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional chama a atenção para o fato de que os conteúdos escolares devem contemplar os aspectos regionais da realidade do aluno.

Nos próximos textos, falarei um pouco mais sobre esta experiência. É algo que vale a pena e que traz um grande enriquecimento (profissional, acadêmico, cultural) a quem pensa em se aprimorar, construir um futuro melhor e contribuir positivamente para a sociedade ao seu redor.

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