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Cidade Varginha entrevista o produtor cultural Rosildo Beltrão, que é um exemplo para a cultura

Varginha tem sorte de ter uma pessoa como ele
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A vida na cultura não é nada fácil, mas a chama que aguça nossos corações pela arte faz com que as pessoas queiram trabalhar espalhando cultura pelos cantos do mundo.

Pensando nisso, o Cidade Varginha entrevista o produtor cultural Rosildo Beltrão, que há anos trabalha com música e cultura na veia. Realizou diversos eventos que vamos conhecer agora e esteve ao lado dos mestres da música e cultura deste nosso Brasil.

Como foi a sua jornada desde os primeiros anos como maestro da Banda Municipal de Varginha (ex Banda Marista) até se tornar um produtor cultural renomado?

Sem dúvida foi ali o berço de tudo. Aprendi na prática a lidar com instrumentos de sopro e percussão, com uma dedicação especial ao trompete que continuei a estudar e tocar no RJ, assim como os primeiros arranjos e adaptações de repertórios especiais para bandas. Outra experiência incrível foi sentir na pele a logística da produção, pois não só regia e coordenava 80 pessoas e de idades diferentes, mas atuava na organização de apresentações, viagens, excursões, festivais e ainda participei de importantes concursos do gênero na época.

Quais foram os principais desafios que enfrentou ao coordenar as primeiras edições do Encontro Nacional de Bandas em Varginha?

Sem dúvida levantar apoio e patrocínios, pois o investimento em cultura sempre foi e será o maior desafio.

Como foi a sua experiência como maestro da banda do Colégio Marista São José da Tijuca no Rio de Janeiro e quais foram os prêmios mais significativos que conquistou nessa época?

Sair de uma cidade pacata (na época da década de 80) como Varginha, e poder participar da criação de uma Banda num famoso colégio na Tijuca no RJ, foi um grande desafio e uma experiência sensacional. Foi ali que senti uma grande vocação não só para música em conjunto, mas para os primeiros passos certeiros de Produção Cultural. Ainda como regente conquistei importantes prêmios como Mestre do ano, pela Liga da Defesa Nacional (RJ, 1984); Melhor regente do Concurso Estadual de Bandas Petrobras (RJ, 1984); Estadual de Bandas FUNABEM (RJ, 1985); Concurso de Banda 1° RCC – Regimento de Carros e Combate do Ministério do Exército (RJ, 1986); Concurso Estadual de Bandas pela FUNARTE, na Quinta da Boa Vista/RJ, em 1985; Concurso Nacional de Bandas em Resende (RJ, 1988), dentre outros.

O que o motivou a retornar a Varginha no final da década de 80 após sua passagem pelo Rio de Janeiro?

Sem dúvida o cotidiano exaustivo de capitais, e claro, um sonho de retornar para cidade Natal.

Pode compartilhar conosco alguns dos projetos culturais de destaque dos quais foi mentor e coordenador?

Retornei à Varginha no final da década de 80, e de cara assumi a regência da Banda Municipal e ao mesmo tempo fui especializando em Produção Cultural. Logo em seguida ocupei os cargos de Diretor Artístico do Theatro Municipal Capitólio (1998 a 2001) e Diretor de Eventos da Fundação Cultural de Varginha (2000 a 2013), onde permaneci até 2018 quando me aposentei. Tive o privilégio de contribuir como mentor e coordenador de produção dos projetos “Quintas artísticas” (1998 a 2000), do “Quinta da Boa Música” (2009 a 2018), e um dos mentores do projeto “Estação do Samba” (2017 a 2018) e responsável direto por diversos outros projetos e festivais de música, artes cênicas e literatura, além de feiras de artes e artesanato. E, por último queria mencionar o Festival Varginha Toca Raul, que foi grande sucesso no ano passado, e já bastante entusiasmado com a 2ª edição, que acontecerá no próximo dia 13 de julho/24, em comemoração ao dia internacional do Rock.

Qual foi a inspiração por trás da criação da sua empresa RB Produções & Eventos em 2000 e como tem sido sua jornada como produtor desde então?

Acho que foi mesmo a vontade de movimentar a área cultural da cidade aliada a vasta experiência que fui acumulando ao longo dos anos.

Entre as centenas de eventos que produziu ao longo da sua carreira, qual ou quais foram os mais desafiadores e gratificantes?

Pergunta difícil porque muitos foram desafiadores e vários gratificantes. Mas o Roça `n Roll que produzi entre 2006 a 2017, foi especial e daria um livro a parte.  Foram centenas de artistas, bandas, público e staff mais educados que tive numa produção até hoje. Era uma média de 24 bandas por edição, com grupos de todo o brasil e sempre uma banda internacional especialmente convidada. Bem exaustivo, mas gratificante demais.

Como foi trabalhar com artistas renomados como Gilberto Gil, Belchior, e outros mencionados? Alguma experiência em particular que gostaria de compartilhar?

Gilberto Gil com o show Kaya N’Gan Daya lotou o Ginásio Marista (Maristão) em Varginha(2002), na época que podia realizar shows por lá num espaço maravilhoso, acessível e central, infelizmente fechado e interditado para shows e eventos por reclamação de apenas um vizinho da época.

O que guardo com orgulho e satisfação foi produzir e conviver ao lado de mestres famosos, hoje infelizmente saudosos, como o músico e maestro Paulo Moura, um dos maiores saxofonistas do mundo, o pianista renomado mundialmente Nelson Freire, o humorista Chico Anisyo, que daria outro livro a parte, o super compositor e carismático Erasmo Carlos, e sem dúvida o incrível Belchior que produzimos por diversas vezes em Varginha e toda região, sempre com sucesso de público. 

Quais são as suas expectativas para a 2ª edição do Festival Varginha Toca Raul e como está sendo a preparação para este evento?

Coincidentemente hoje, 7/5, quando tenho a honra de ser entrevistado pelo jornalista Gustavo Marangão do jornal Cidade Varginha, terminou o prazo das inscrições exatamente para selecionar os artistas e atrações do Varginha Toca Raul deste ano, que acontecerá no dia 13 julho, em comemoração ao dia internacional do Rock. Mais uma vez superou nossa expectativa com mais de 40 inscrições de diversas localidades do Brasil, mas infelizmente o edital contemplava apenas 08 bandas locais, e que certamente vai ser missão exaustiva para a curadoria selecionar. Tudo está sendo preparado com muito carinho de produção, e já estamos pensando em ampliar este leque de participações nas próximas edições, para outras localidades.

Como surgiu a ideia e qual é a proposta por trás do Festival de Gastronomia, Rango de Rua?

A ideia foi do filho, escritor, elaborador de projetos e produtor Leo Beltrão (BH) junto de seu amigo publicitário, também varginhense Diego Resende(BSB). A 1ª edição foi em 2016, no UNIS, e teve grande aceitação e foi sucesso total. Foi satisfação geral ver a felicidade do público se deliciando com os melhores e selecionados food trucks convidados de diversas localidades, ao lado de talentosos artistas circenses, chefs, e com muita música boa. Quem foi aprovou e viu que a proposta deles foi exatamente esta, oferecer arte e gastronomia de qualidade para nossa comunidade. 

O que o motivou a se tornar um produtor cultural e como você vê o papel da produção cultural na sociedade?

O que me motivou acho que foi o excesso de eventos mal produzidos que vi por aí. Não existia faculdade e nem cursos de Produção. Tudo era feito na coragem e aventura. Sempre vi falhas em alguns eventos que participava, seja como músico, como maestro ou mesmo como público. A pessoa convidava minha banda e atrasava com o ônibus, oferecia hospedagens precárias, alimentação duvidosa, local inapropriado e vai por aí.  Sempre fui muito exigente e procurava oferecer o mínimo de segurança e conforto para minhas equipes. Acho que o papel da produção é proporcionar e viabilizar um caminho suave, uma ponte que liga o público ao artista. Nada melhor que sentir o sorriso de satisfação do artista e do público no final de cada produção. Esta é a missão.  Infelizmente grande parte da sociedade não valoriza e as vezes nem conhece a profissão do produtor. Acham que é só apertar o controle remoto e surge tudo pronto na sua frente.

Quais são os principais critérios que você considera ao selecionar artistas e bandas para participar dos eventos que produz?

Sem dúvida a qualidade musical, independente do estilo, sempre procurei bons músicos que interpretam com fidelidade, versatilidade e total domínio de palco.

Como você enxerga o futuro da cena cultural em Varginha e na região sul de Minas Gerais?

Acho bem promissor e a cada dia surgem novos talentos. E, sem dúvida, o que contribui e muito para formação tanto dos artistas como do público são as excelentes escolas de música e artes em geral desta nossa rica região.

Que conselhos você daria para jovens que desejam seguir uma carreira na produção cultural e na música, com base em sua vasta experiência?

Em primeiro lugar procurar uma boa escola de artes, bons professores, mas acima de tudo mesmo que iniciante, participar de alguma forma de “prática em conjunto”, seja num coral, na capoeira, numa escola de samba, bloquinhos, numa folia de reis ou numa banda mesmo que de garagem, pois somente experimentando na prática o processo artístico coletivo é que se conhece o potencial individual e talento para as artes. Se não conseguir, pelo menos será um grande apreciador, conhecedor e critico consciente, muito necessário na formação das grandes plateias de hoje.

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Um comentário

  1. Ótima entrevista! A cena cultural de Varginha precisa muito de vc, Rosildo! Competente, acessível, vive a cultura em todos as suas nuances! Continue firme agitando nossa cidade! Tenho o prazer de ser seu amigo! Abraços!

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