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A hora e a voz do CIAM

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Vivemos tempos estranhos. E não me refiro só ao rápido esvoaçar das cinzas das horas e nem às cada vez mais drásticas mudanças climáticas. Vivemos tempos estranhos.

Em Varginha foi inaugurado ontem, (25), oficialmente, o Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM): vitória de mulheres empoderadas que batalharam muito pra que este centro fosse criado. Essas mulheres poderosas sabem da importância de se cuidar bem de mulheres vítimas da violência doméstica. Mas isso é estranho? Claro que não! O estranho é na inauguração o cerimonial ter sido feito por um homem. Isso é problema? Não. Mas poderiam muito bem ter estabelecido este papel para uma mulher. Seria algo mais simbólico e sutil… Estranho é não terem pensado nisso.

A maioria das autoridades presentes era composta por homens! Isso é estranho? Sim! Mas são homens nossas autoridades: fato! Porém, isso prova que precisamos empoderar muito mais mulheres, afinal, são elas 51% das eleitoras… E temos em Varginha apenas uma vereadora! Eleitoras, não é estranho vcs elegerem muito mais representantes suas neste ano! Pensem nisso.

A importância do CIAM para as mulheres vítimas de violência é indubitável, mas a necessidade deste centro também mostra que uma parte considerável de nós, homens, ainda não respeita as mulheres. E pior, as agride, as silencia, as mata… Feminicídios mostram que vivemos tempos estranhíssimos. Deveríamos, já nos ensinaram, nos amar mais e nos armar menos!

Um homem (autoridade ou autoritário?) tentar calar uma mulher empoderada na inauguração do CIAM seria estranho e não parece cabível este ridículo papel a alguém… Pasmem! Aconteceu! Estranho, não é? Infelizmente, não!

Mas não se cala a voz feminina suave, mas incisiva, que ecoa, antes mesmo de ser pronunciada, mais no coração do que nos ouvidos das pessoas que presenciaram o fato! Impossível calar o que não foi dito e todos sabem ou deveriam saber instintivamente!

Uma mulher empoderada empodera outras mulheres com sua atitude. Mostra ao que veio. Mas mulheres são silenciadas todos os dias, todas as horas, nesse mundão à fora!

Por isso, nesses tempos estranhos que vivemos, saudemos as mulheres ousadas, fortes, guerreiras, lutadoras, que se unem pra salvar, cuidar, para empoderar mulheres vítimas de uma sociedade ainda tão machista, tão patriarcal e que nem se dá conta de que é assim, estranha.

Vida longa e sucesso ao CIAM!

Aerton Sina é professor de Literatura, poeta de gaveta, eterno amante de vários idiomas e vive divagando, no mundo da lua (talvez seja um astronauta e nem saiba disso).

O texto não reflete precisamente a opinião do blog.

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