Olá, você aí do outro lado do texto. Obrigada por estar comigo nessa estreia. Inauguro aqui minha participação nesse periódico com a coluna Vieses. Talvez você esteja se perguntando o porquê deste nome.
A palavra viés chegou em minha vida ainda na infância, quando ouvia minha mãe falar sobre as costuras que fazia. Cortar um tecido em viés era cortar na diagonal. E naquela época eu já sabia que se não fosse feito com maestria, entortava o pano, dando defeito na roupa.
Por isso foi fácil para eu entender a palavra viés em seu significado mais abstrato, como recentemente tem sido usada. Neste caso, viés diz respeito às distorções na maneira como observamos o mundo, pensamos ou agimos, baseado nos conhecimentos nem sempre precisos que adquirimos em nosso viver.
Os especialistas chamam de vieses inconscientes os atalhos mentais usados por nosso cérebro para que ele consiga lidar com a quantidade enorme de informações que recebe a todo momento. É, na verdade, um processo natural. O problema é que são baseados, muitas vezes, em informações incompletas ou equivocadas que recebemos ao longo da vida, através da família, amigos, escola, filmes, publicidade etc e que formam em nossa mente um padrão, conforme nossas vivências. Esse padrão dita nossos julgamentos e ações de forma tão natural que nem nos damos conta. E não o questionamos.
Assim, mesmo sem perceber, agimos ou falamos de forma racista, sexista, idadista etc.
Um experimento interessante foi feito com um grupo de voluntários para os quais foram apresentadas fotos de pessoas e solicitado que eles adivinhassem a profissão de cada uma. Para os homens brancos de terno todos disseram profissões como executivo ou empresário. Uma mulher de terninho foi definida como secretária. Um homem negro de terno, despachante ou religioso. Uma mulher branca com uma vassoura na mão foi definida como dona de casa. A mesma vassoura com uma mulher negra a definiu como faxineira. As profissões elencadas foram semelhantes para a grande maioria dos voluntários e quando confrontados com suas respostas, levaram um susto. Não eram pessoas que agiam de forma preconceituosa em suas vidas. Ou, pelo menos, achavam que não.
Essa coluna é um convite a reflexão. Saber que esses vieses existem em todos nós nos ajuda a encontrar formas de combatê-los, tornando nossas relações mais inclusivas e justas. Semana que vem trago mais informações sobre este assunto. Até mais!
Luciane Madrid Cesar é uma paulistana de coração mineiro. Cronista, contista, poeta e escritora de livros Infantis, tem livros publicados em formato físico, digital e artesanal.
É membro da APESUL – Associação dos Poetas e Escritores do Sul de Minas, acadêmica da AFESMIL – Academia Feminina Sul Mineira de Letras e acadêmica da AVLAC – Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências.
Estuda Cultura da Paz em suas diversas formas, é mediadora do clube de leitura Leia Mulheres, embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil, atuando como voluntária em diversas causas socioambientais. Mora em Varginha desde 2000.
Contato: @lumadridcescritora (Instagram e Facebook)
lumadrid@gmail.com (e-mail)