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Sobre ter um filho autista; relato de uma mãe

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No Brasil há um crescente número de casos de autismo, o número de alunos com TEA cresceu 48% no país. Mas o autista é claro precisa de além de ser inserido no mercado de trabalho e escolas, o autista precisa de um lar com amor, e o Cidade Varginha, ouviu um relato de uma mãe que fala de seu filho autista de 16 anos e como ele é importante para sua vida e visão de mundo. Falamos com Valéria Tavares Rabelo, publicitária, mãe de Antônio Rabelo Retori que está no segundo ano do ensino médio e conta com a ajuda de uma professora de apoio em sala.

Valéria nos fala.

Ter um filho autista é um capítulo inusitado na vida de qualquer um. No primeiro diagnóstico, não
vou negar que é um choque, mas logo depois, um mergulho inevitável num novo mundo.
Sem dúvida, depende do grau de autismo, acredito que para os casos mais severos, a realidade se
torna um pouco mais dura para os pais, nem por isso, menos amorosa. No meu caso, por exemplo,
havia muita angústia para saber se ele ia falar, principalmente, depois de superado todos os exames de audição. Começou aos poucos, lá pelos quatro ou cinco, fluiu só aos sete.
Ter um filho autista é passar a enxergar a sociedade a partir de uma estratosfera diferente, criar e
ligar o botão do “foda-se” (com o perdão da palavra) quando necessário. Existem momentos em
lugares públicos (ou não) em que somos palco para todos os olhares.
É adequar a vida social e as outras atividades, profissionais, inclusive. Eu trabalhava 10 horas por
dia fora de casa, fui praticamente obrigada a rever isso, pois nada tem sido mais precioso do que o
tempo com meu filho. É ser julgada, discriminada e também muito valorizada, pelas pessoas certas.
É separar o joio do trigo dentre as pessoas da própria família e as outras também. É saber identificar quem é sensível e quem não é. E isso geralmente também vale para outros assuntos da vida com relação a essas pessoas.
Cansa muito, mas o prazer é imensurável.
É pesquisar muito sobre o tema e desenvolver suas próprias ferramentas para deter os momentos de crise dele. É ter conversas malucas com o filho, divertidas, ricas e muito inteligentes. É aprender todos os dias sobre os assuntos que estão no hiper foco do dele. É passar a se preocupar com a morte e tentar arrumar as coisas para que ele fique bem depois disso.
É passar a admirar todas as diversidades humanas do planeta. É como ter um coração fora do peito, pulando 24 horas por dia, é ficar atenta o tempo todo aos mínimos detalhes e receber o carinho mais infinito que existe neste universo.

Valéria ainda nos enviou alguns desenhos feito por ela e o filho mostrando como é o amor entre os dois.

Mãe e filho, desenho feito pela mãe.

Auto retrato de Antônio, feito por ele em 2019.

Ele fez em 2018 dentro de uma história em quadrinhos, mas infelizmente nem todo mundo entende inglês e consegue associar o texto com diversidade.

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