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Sobre números e miçangas

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Você é de Exatas ou de Humanas?

Uma ideia passada por gerações diz que quem é de números não gosta de letras e artes e vice-versa. Isso criou uma separação que, na prática, não existe. A vida está cheia de engenheiros que gostam de dançar e de artistas plásticos que lidam super bem com as finanças. Há ainda o conceito de que as Ciências Humanas precisam das Exatas, mas para estas, as Humanas são supérfluas, o que não é verdade, como vamos ver. Pensar assim tolheu nossa liberdade de escolha por anos (e ainda tolhe) e já fez muita gente reprimir seus impulsos criativos para se ver valorizada.

Desde pequena me reconheço artista. Num tempo em que arte era passatempo, acabei trabalhando na Caixa por 28 anos. Uma artista no sistema financeiro. E eu não era a única. Foi, porém, uma boa escolha, pois o banco sempre implementou ações que valorizam a arte. Participei, e ainda participo, de concursos literários (e de outras artes) promovidos anualmente pela instituição.

Pesquisas recentes revelam que a arte melhora o rendimento nos estudos de outras matérias. Estudar música, por exemplo, ajuda a entender matemática. O estudo da luz e sombra, no desenho, tem a ver com a física. Enfim, Exatas, Humanas, Biológicas estão interligadas. E não é inteligente separá-las. A Pedagogia tem entendido isso aplicando ações multidisciplinares.

A Economia também entendeu a importância da arte, nomeando o setor de Economia Criativa, reconhecendo seu valor na geração de emprego e renda e consequente movimentação da vida financeira do país, embora ainda tenhamos muito o que avançar.

No mês passado, fui a um Congresso que discutiu as pautas a serem apresentadas na próxima negociação de dissídio dos bancários. Fiquei feliz ao ver a arte misturada ao debate. Logo no começo, uma homenagem a um companheiro morto veio em forma de poema. Pouco depois, a colegas Suzana Morais, excelente cordelista, “cordelizou” o trabalho, as lutas, as mazelas, a vida da mulher bancária. O colega PCD gritou pela inclusão e explicou: inserir não é incluir, enquanto a colega, mãe atípica que já recusou promoção para priorizar o cuidado com o filho, cantou seu canto de capoeira.

O palestrante Luiz Nassif citou um competente e desconhecido compositor do Nordeste e Átila Iamarino nos contou que as IA (inteligências artificiais) conseguem aprender a fazer arte juntando informações, mas que apenas nós, humanos, podemos ser originais e criativos.

A arte permeou o nosso encontro, ainda, no lindo mural de entrada, num lembrete, mais uma vez, de que a arte permeia tudo. E que a arte cura. Numa classe profissional psicologicamente adoecida por excesso de trabalho e de cobranças, nesse ambiente emocionalmente tóxico, a arte é mais do que necessária, ela é vital.

Lembremo-nos do que nos salvou durante a assustadora pandemia que vivemos recentemente: a arte, a ciência e a tecnologia! Humanas, Biológicas e Exatas trabalhando juntas!

Para quem não entendeu o título, é uma referência à brincadeira pejorativa que diz que o pessoal de Humanas está fadado a vender artigos de miçanga na praia, porque só quem tem sucesso são os de Exatas. Mas o que é sucesso, afinal?

Seja com as miçangas, com os catéteres ou com os números, eu acho que sucesso é ser feliz…

Luciane Madrid Cesar é uma paulistana de coração mineiro. Cronista, contista, poetisa e escritora de livros Infantis, vê desenho nas nuvens e alegrias no cotidiano. Estuda Cultura da Paz, é mediadora do clube de leitura Leia Mulheres e embaixadora Lixo Zero, na busca por cocriar um mundo melhor.

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