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Viver ultrapassa qualquer entendimento…

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Não! Não é plágio da senhora Clarisse.

É apenas um poema que me saiu há tempos atrás e que se perdeu pelos meus guardados.

Um poema de incompreensão, daquilo que nunca, por mais que queiramos, jamais será compreendido.

Acho que é por isso que esse poema, talvez poesia ou prosa poética, o gênero na verdade, é que menos importa, ficou por tanto tempo vagando… por conta dessa tamanha vontade de compreender, aquilo, que dentro de mim, não se encaixa e que, portanto, não há compreensão.

Este meu querer entender o mundo
Faz-me olhar ao fundo
De tudo o que as coisas não são…
Não são rosas as rosas do meu jardim
Não são brancos os lírios que nascem em mim
Não é quente o meu coração
Nem tão frio o suor da minha mão
Não sou o anjo que aparento ser
Nem tão pouco o diabo deixo em mim florescer
Não são cruéis meus pensamentos matutinos
Mas são doces quando a noite cai
Este meu querer entender o mundo
Faz-me sempre adentrar na brisa
Que me toca o rosto, quando em alto mar
E, mostra-me tudo, bem lá no fundo
E o que não era pode ser bem mais
Do sal amargo o doce do mel
Do verde do mar ao azul do céu
Das lembranças o esquecimento total
Da realidade o momento irreal
Da esperança o que nada se espera
Do final do inverno o início da primavera
Este meu querer entender o mundo
Faz-me perder no limiar do firmamento
Mostrando-me que tudo o que hoje existe
Poderá amanhã desaparecer
A fome poderá ser saciada com grandes banquetes
Os desabrigados construirão singelos palacetes
A miséria humana, que cala fundo, feito visgo na alma
Deixará espaços às abundâncias do amor
O frio cortante agasalhado nas bocas com palavras de amor
Este meu querer entender o mundo
Faz-me mudar as ideias todos os dias
O que hoje sinto
Ontem não sentia
Este meu querer entender o mundo
É como onda em oceano furioso
E entre movimentos peristálticos
Atira-me ao centro do que desconheço
Devolvendo-me à beira da areia
No início, onde tudo o que não era, começou
Este meu querer entender o mundo
Faz-me entender que no mundo não há entendimento
Pois cada qual constrói seu entender
Inerente aos movimentos do próprio pensamento

Malu Silva é contadora de histórias, escritora, vaga livre pelo mundo, pegando uma estrela aqui, um pedacinho da Lua ali… Brinca com o Sol, faz poemas para o mar… Veste as desventuras de alegria para poder viver bem os seus dias.

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